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Na qualidade de defensor da cidadania participativa de todo e qualquer cidadão que se interesse por dar o seu contributo para que a nossa sociedade se possa tornar melhor, em todos os aspetos, social, político, religioso, desportivo, etc., sou apologista de que a opinião do cidadão é sempre melhor, e mais adequada à realidade, quanto mais informado estiver, acerca do assunto sobre o qual está a opinar.

No entanto, ao longo dos tempos, ou seja, nos últimos 40 anos, na Madeira, não interessava termos cidadãos informados e dispostos a contestar, por via da livre expressão de opinião, porque seria um risco para a “democracia imposta”, para o sistema a vigorar, que era importante manter, mais ou menos dentro dos mesmos parâmetros sociais. Parecia, apenas, haver preocupação em manter o “dominante”, o “controlador” sobre o povo.

A partir de 2015, farto de uma liderança política em decadência e desacreditada, o povo madeirense e porto-santense optou por dar uma oportunidade a um partido que, embora sendo o mesmo de há 40 anos no poder, aparecia com “caras novas”. Esse partido, com a sigla PSD, apresentou promessas que, a serem concretizadas, mudariam, para melhor, a nossa sociedade.

Contudo, as promessas, e tal como já acontecia anteriormente, prorrogavam-se no tempo como promessas e nada mais. Os problemas começaram a acumular-se, a inércia dos líderes começa a transparecer, a celeridade prometida na resolução dos problemas emergentes torna-se uma falácia, alguns líderes políticos são substituídos, e pouco ou nada mudou, relativamente ao passado. Continuam os problemas na Saúde, na Educação, na Agricultura, nos transportes e acessibilidades de e para a Madeira, a taxa de desemprego continua alta, os pedidos de ajuda na Segurança Social aumentam, enfim… muitos problemas cuja resolução tinha sido prometida por quem está no Governo Regional.

Em 2019 haverá eleições regionais. Algo que mexeu completamente com a postura e a ação dos nossos “políticos governantes”. Todos eles, presidente do governo, vice-presidente, secretários regionais, diretores regionais e até os assessores e chefes de gabinete (as centenas de pessoas que foram nomeadas!), ensaiaram um coro, a uma só voz, para dizer que as promessas feitas em 2015, para ganhar as eleições de então, só não se concretizaram por culpa da República. Ou seja, caro leitor, “a culpa não morre solteira”, a culpa é da República!

Esta atitude demagógica de empurrar a culpa para cima dos outros e sacudir a água do capote foi tão interiorizada por alguns governantes, que alguns deles quando começam a discursar já se sabe como vai terminar o discurso: a culpa é da República. Discursos ocos, demagógicos e sem fundamento lógico, para explicar aquilo que se prometeu e não se cumpre, porque pouco ou nada se fez para que essa promessa fosse cumprida. Palavras soltas saem da boca de pessoas que, no fundo, já sabiam que quando a promessa foi feita não tinha pernas para andar… E depois temos os nossos governantes, imitando criancinhas com uma birra, a dizer que não vão reunir no lugar “A”, porque querem no lugar “B”. O conteúdo e os assuntos da reunião são secundarizados, porque o importante passa a ser o “lugar” onde se vai realizar a reunião!

Mas, para estes (des)governantes, a “esperança” está nas obras que pensam inaugurar ao longo do ano de 2019, repetindo o que se fazia no passado – governar para as inaugurações antes dos atos eleitorais e não para resolver os problemas sociais – porque ainda acreditam que o Povo se deixa levar por inaugurações pré-eleitorais. A responsabilidade política, a honestidade, a humildade, a educação, a transparência dos atos políticos e a ética, não fazem parte do comportamento e do trabalho dos políticos que optam por olhar, apenas para os interesses de alguns, em detrimento do bem comum. Políticos que estão mais preocupados em “governar-se” – nomeadamente alguns “adolescentes” laranja – do que governar em prol do bem-estar das pessoas.

*Artigo de opinião publicado no Diário de Notícias / 20-05-2018

Paulo Alves
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