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O aterro do Porto Novo, reativado recentemente pelo Governo Regional, é apenas a última machadada numa parte do nosso território, onde existe um importante património geológico e florestal e uma bonita frente-mar, a paredes meias com uma Reserva Natural.

O Porto Novo tem estado nitidamente a saque há vários anos e infelizmente este Governo, que se diz renovado, nada fez para inverter aquela vergonhosa situação.

No entanto, os pecados do executivo liderado por Miguel Albuquerque não se fazem apenas por omissão, mas também por atos. A última decisão de reativar um aterro, que no passado já deu problemas, é reveladora de que mudam os atores, mas o guião permanece o mesmo. Ou seja, já vimos este filme e não gostamos.

E porque não gostamos, não vamos desistir de defender o nosso território e os interesses do povo de Santa Cruz. Por isso demos entrada de uma nova Providência Cautelar com o único intuito de pôr termo a um atentado ambiental, disfarçado de interesse público e de uma suposta recuperação económica da Madeira. Recuperação que, pelos vistos, continua assente na antes criticada política do betão. É o vira-o-disco e toca o mesmo, só que agora ao som do piano.

Enquanto autarca, não vou deixar que este suposto desenvolvimento se faça à custa dos interesses do povo de Santa Cruz e muito menos à custa de atentados ambientais em zonas nobres, sustentados em deliberações mal amanhadas e em declarações políticas divergentes: ora é por quatro meses, ora pode ser apenas por um mês, mas a verdade é que o que está escrito, preto no branco, é que o referido aterro é por tempo indeterminado. Ou seja, até às calendas.

O que se está a passar no Porto Novo só tem um nome: uma pouca-vergonha.

O que se está a passar no Porto Novo é a imagem da política ambiental do Governo Regional e da secretária do Ambiente, que se veste de ambientalista na serra, enquanto faz desgraça junto ao mar.

E, não satisfeitos, ainda se põem a festejar supostas vitórias em tribunal. Só que o que está em causa não pode, de forma alguma, ser encarado como vitória. O que está em causa prejudica o território de Santa Cruz, a nossa frente-mar, e o ambiente na Madeira. A não ser que queiram festejar o mal que fazem ao povo e a esta terra.

Se assim é, avancem, mas não contem comigo.

*Artigo de opinião publicado no Diário de Notícias – Madeira / 26-01-2018

Filipe Sousa
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