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No âmbito de uma iniciativa política do JPP, mais concretamente uma visita ao Mercado dos Lavradores, tivemos oportunidade de contactar com alguns comerciantes e tomarmos conhecimento das suas opiniões, acerca das intenções da Câmara Municipal do Funchal em proceder a algumas mudanças, numa tentativa de modernizar o espaço, retirando-lhe alguma da “beleza cultural” do que de mais tradicional ali existe e que é, em grande parte, o motivo que leva muitos turistas até ao mercado. Refiro-me mais concretamente à zona da praça do peixe! Um espaço muito visitado por turistas que aproveitam para tirar dúvidas sobre as espécies de peixe à venda com os vendedores, tirar fotografias e até pedir a um ou outro vendedor que faça uma pose para a fotografia, segurando um peixe-espada, por exemplo. Tudo dentro da normalidade de uma manhã de “mercado do peixe”.

No entanto, qual não é a minha admiração quando vejo umas grandes faixas publicitárias, com excelentes fotografias, de socalcos (poios) com plantação de bananeiras, vinha, fotos de banana, tomate inglês e abóboras (tenrinhas!) ao longo da “praça do peixe”. Ora, estando numa “praça do peixe”, porque existem estas faixas publicitárias alusivas à agricultura (produtos agrícolas) madeirense? Será que é para dar algumas dicas sobre quais os produtos madeirenses que mais se adequam a serem confecionados ou servidos com o peixe que ali é vendido? Não me parece! Os próprios vendedores não sabem explicar e não percebem porque foram colocadas aquelas faixas naquele espaço! Será que se chama a isto “modernização” do espaço? Há faixas que estão bem enquadradas e dizem respeito a fotos alusivas ao peixe, mas há outras que seria de bom gosto arranjar outro lugar para as pendurar!

Tratando-se de um espaço que é património classificado, e não obstante a necessidade de serem feitas obras de reabilitação do espaço, apela-se ao bom senso e ao bom gosto dos governantes da Câmara Municipal do Funchal para não transformarem o mercado em mais um shopping! A modernização e o querer mostrar trabalho feito (obras) tem limites! A descaraterização do espaço e o desrespeito pelos fins a que o mesmo se destina, não podem ser decisões tomadas por um poder político, sem consultar a opinião pública e sem auscultar convenientemente os interesses daqueles que diariamente trabalham nesses mesmos espaços. Espero que o Sr. Presidente da Câmara do Funchal interiorize bem as suas palavras, quando num passado recente, afirmou a propósito de uma intervenção camarária do Mercado dos Lavradores, que “esta intervenção será fortemente comprometida com a valorização da identidade histórica e do património do Mercado dos Lavradores”.

*Artigo de opinião publicado no Diário de Notícias / 20-03-2019

Paulo Alves
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