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Tradicionalmente, o mês de agosto significa férias para a comunidade escolar. Apesar dos alunos dos diferentes ciclos encararem o período de férias já em junho, o certo é que existe muito trabalho a realizar até ao final de julho. Mas, na verdade, o que vos trago aqui para reflexão é o que nós queremos da Educação para o futuro.

Somos confrontados diariamente com notícias sobre as escolas, professores ou a falta deles, estabelecimentos obsoletos que não conseguem corresponder às exigências curriculares e pedagógicas deste século. E o mês de agosto, que deveria ser o mês do descanso, do carregar de baterias onde o botão estaria em “modo férias”, na verdade é o mês da angústia, da ansiedade e das expectativas. Se, na Região Autónoma da Madeira, procura-se oferecer estabilidade profissional à classe docente, no território nacional existem muitas injustiças que urge serem reparadas. Desde logo, a contagem integral do tempo de serviço para que todos possam estar equiparados. Depois redefinir procedimentos de colocação dos professores, pois não se pode aceitar que ainda haja profissionais da educação com a casa literalmente às costas, exercendo a profissão longe da família. Neste capítulo, a Região Autónoma da Madeira não sofre desta “dor” porque a sua dimensão territorial não permite grandes distâncias e, a reboque das grandes obras rodoviárias patrocinadas pelos fundos europeus, permitiu encurtar o tempo despendido nas deslocações entre localidades. Mas existem ainda muitas lacunas que clamam por uma reflexão séria entre todos os agentes envolvidos: GR, Escolas, Associações de Pais e alunos, Sindicatos. A falta de recursos humanos evidencia-se a cada ano que passa. Não se pode conceber uma Escola de Qualidade se não forem dadas condições para que o trabalho seja de excelência. Torna-se necessário valorizar o papel dos docentes e não docentes, ajustando o salário às funções desempenhadas; Torna-se necessário rever o sistema de avaliação, eliminando as “quotas” que mais não servem do que criar um clima de instabilidade entre os profissionais envolvidos; Torna-se necessário rever o trabalho pedagógico, ajustando-o aos novos paradigmas educacionais, desamarrando-se dos currículos tradicionais; Torna-se necessário implementar políticas educativas que potenciam novas áreas do saber, viradas para as novas tecnologias assentes em experiências práticas capazes de explorar as capacidades dos alunos.

Segundo a Pordata, em 2022 43% da população portuguesa tinha concluído os seus estudos superiores em contraste com 1998 onde apenas 9,8% dos nossos jovens adultos tinham curso superior. Ora, se houve o investimento realizado na Educação permitiu atingirmos esses valores em 2022, também é certo que este aumento não significou acréscimo de saídas profissionais para estes jovens. Na Região, assistiu-se a um êxodo para fora da Ilha por inexistência de soluções (público e privado) que não garante trabalho digno compensatório para os nossos jovens Licenciados, Mestres ou Doutores. Por outro lado, outro desfasamento está na desigualdade de género, pois são mais mulheres a completarem o ensino superior e depois observa-se uma taxa ínfima do sexo feminino em cargos de chefia.

Em ano de Eleições Legislativas Regionais onde os madeirenses e portossantenses vão ser chamados a eleger os seus representantes para os próximos quatro anos, é preciso repensar a Educação na Região. O que queremos para o futuro dos nossos jovens? Que condições devemos oferecer aos agentes educativos para que se sintam motivados? Que Escola devemos exigir: espaço de aprendizagem ou depósito de crianças? A Educação na Região precisa duma lufada de ar fresco para “perfumar” um ambiente bafiento que impede alargar o horizonte dos nossos jovens. A mudança de políticas pode oferecer novas abordagens sistémicas, assentes na valorização profissional. Só assim conseguiremos “seduzir” os nossos jovens para esta nobre missão de ensinar. Só com medidas de reforço do poder do professor é que conseguiremos alavancar práticas pedagógicas mais eficientes. E de for para mudar, que se mude para aqueles que olham para a população como um ativo válido para a construção duma Ilha mais robusta, virada para o futuro e com perspetivas profissionais para os nossos jovens. O JPP tem demonstrado, ao longo destes últimos quatro anos, que faz um trabalho sério de fiscalização, apresentando alternativas. O JPP, fiel à sua Matriz Social, pertence ao Povo porque nasceu do Povo. Que seja o Povo a decidir e o que decidir, decidido está. Boas Férias!

Zé Carlos Mota

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