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Braguinha, rajão e viola de arame são instrumentos típicos da nossa região e presença emblemática nos nossos grupos folclóricos, nos grupos de despique, nas iniciativas festivas das Missas do Parto, Cantares dos Reis, Cantares de Santo Amaro, nos grupos e associações musicais, nas nossas escolas desde os alunos de tenra idade e, mais do que tudo, são presença obrigatória nas animações de rua das diversas ações de caráter cultural e turístico promovidas pela Secretaria Regional do Turismo, durante o ano e ao longo de décadas.

Pertencentes à família das violas dedilhadas, estes instrumentos desempenham um papel importante na música de tradição popular madeirense e são utilizados em ambas as ilhas do arquipélago. Na ilha de Porto Santo ganharam expressão por só se tocar as peças musicais mais antigas naqueles instrumentos e, na ilha da Madeira, tiveram a sua glorificação no séc. XIX, onde vários intérpretes e compositores se dedicaram à prática e composição nestes instrumentos.

Os cordofones madeirenses são tocados utilizando as técnicas da viola. Nomeadamente, o “ponteado”, que consiste no toque simples da melodia ou jogo contrapontístico, muito utilizados pelos músicos populares, e o “rasgado”, geralmente utilizado para o acompanhamento em acordes, consistindo na passagem da mão direita em movimentos ascendentes e descendentes pelas cordas. São usados por músicos espontâneos nas festas e arraiais da Madeira e Porto Santo, por grupos folclóricos com a função de acompanhar todas as danças e cantigas tradicionais, no charamba e no despique, em ritmo de bailinho, e, recentemente, em grupos de adaptação de música tradicional.

Em 2018, no decorrer da implementação do projeto “aCorde!” que pretende dar visibilidade ao património dos cordofones madeirenses, foi reivindicada, por diversas personalidades do meio artístico, a instituição do Dia Regional dos Cordofones Tradicionais Madeirenses, a ser celebrado no dia 4 de fevereiro. O governo regional mostrou-se aberto à aceitação desta proposta mas, passado um ano, nada fez para concretizá-la. Esta forma de celebração do nosso património é uma forma de preservar a nossa identidade, de consciencializar a população sobre a importância da preservação e divulgação destes instrumentos, consagrando e salvaguardando a sua História. De uma maneira singela, passa também por enaltecer e motivar os artistas que criam, executam e compõem para cordofones assim como abriria um novo espaço para a defesa da sua origem e dos instrumentos que dela advêm. Não nos esqueçamos também que assinalar um dia regional sobre estes instrumentos permitiria dinamizar o turismo cultural e científico-pedagógico, assim como combater a falta de conhecimento sobre os mesmos, eliminando o estigma de que os cordofones são instrumentos “inferiores”, próprios da música tradicional, quando na verdade a sua presença é transversal quer em estilos musicais como em grupos distintos.

*Artigo de opinião publicado no Tribuna da Madeira / 08-02-2019

Patrícia Spínola
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