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É com estupefação que o JPP observou as (novas) declarações do Presidente do Governo Regional, a 10 de novembro, quando apelou (e bem) ao consumo de produtos regionais porque “são de melhor qualidade, de melhor sabor”.

A estranheza surge, não da afirmação por si só, mas pelo facto da “boa intenção” de Miguel Albuquerque voltar a contrastar com o chumbo da maioria PSD/CDS a um projeto de Resolução do JPP que pretendia isso mesmo – a priorização do consumo de produtos agrícolas regionais nos organismos públicos.

A 12 de maio de 2020, pela voz do deputado Rafael Nunes, o JPP apresentou na Assembleia Legislativa da Madeira um Projeto de Resolução que recomendava ao Governo Regional a priorização do consumo de produtos agrícolas nas cantinas e refeitórios públicos, uma medida que visava o escoamento das produções agrícolas regionais afetadas pelos condicionamentos à atividade de restaurantes e hotelaria decorrentes da situação pandémica. Recorde-se que a hotelaria e restauração são os maiores clientes dos produtores agrícolas e que qualquer alteração nas suas atividades tem reflexos diretos no escoamento das produções agrícolas.

Durante a discussão em Plenário, o PSD, pela voz do seu deputado Nuno Maciel, considerou que “não se justificava” a recomendação do consumo de produtos regionais, tendo ido ainda mais longe ao afirmar que «Eu tive oportunidade de conversar com vários empresários agrícolas. A verdade é que mesmo nesta fase, eu tive empresários agrícolas que me disseram assim, e não me pediram segredo: mais eu tivesse, mais eu vendia». Ou seja, nas palavras do deputado do PSD (completamente contraditórias às do Presidente do “seu” Governo), não há crise no setor agrícola, afirmando em pleno Parlamento Regional que não há capacidade para responder a tamanha procura.

Foi com esta argumentação que a nova “renovação” PSD/CDS chumbou esta justa pretensão do JPP, que a ser aprovada e implementada, constituiria um importante apoio às cerca de 40 mil pessoas que sobrevivem da atividade agrícola.

O JPP reforça a surpresa de uma Presidência de um Governo Regional que desconhece as posições da sua bancada parlamentar, a qual vota contra as recomendações que apelam ao consumo doméstico de produtos agrícolas regionais recusando-se a comprar estes mesmos produtos para as cantinas e refeitórios das instituições publicas, preferindo manter o negócio milionário das importações que promovem as economias externas ao invés de apoiar os nossos produtores e ao consumo do que é nosso.

Já diz o Povo: “Bem prega Frei Tomás, olha para o que ele diz, não olhes para o que ele faz”.

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