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Mesmo que não se goste de política, que se mude de canal quando ela aparece no écran e que não se gaste tempo a debater esses assuntos, será difícil negar a sua importância pela maneira como está implícita em tudo aquilo que constitui o que chamamos “a nossa vida”: das necessidades básicas às menos básicas, mas igualmente nossas, a política aparece sob a forma de impostos, taxas, regras, leis e afins. Não se lhe consegue escapar. E esta omnipresença deveria bastar para, quer gostemos dela, quer não, interiorizarmos a importância de ponderar bem que líderes apoiamos e escolhemos.

Numa região marcada por governos do mesmo partido político há quase 5 décadas, à obra visivelmente feita juntou-se uma outra, propiciadora de opacidades, dependências e vícios que não facilitam a escolha e retiram até o interesse em escolher, vulgarizando a ideia de que “eles são todos iguais”, ou “isso é tudo farinha do mesmo saco”. Se a esta desilusão juntarmos outras estratégias de manipulação da opinião pública, nada abonatórias da índole de quem as usa, mas comuns aos que estão alapados ao poder, cria-se uma tempestade perfeita de alheamento e desinteresse pela vida pública na população, que ajuda e muito os maus políticos e governantes a se perpetuarem nesse mesmo poder. A saúde de uma democracia – criada pelas sociedades humanas e que por isso espelha também os seus males – depende da participação, atenção e fiscalização de diversos quadrantes, incluindo, entre outros, a população e a imprensa. Não é nem nunca foi compatível com uma população desinformada, que não percebe a relevância do seu contributo ou tem medo de se expressar livremente; nem muito menos ainda com uma imprensa  – o famoso 4º poder, pilar da democracia – algemada pelos seus donos ou que só anseia pelo Pulitzer de um “lugarzinho no governo”.

Mas mesmo com toda a maquilhagem e demagogia que sufoca o discurso oficial, poucos serão os madeirenses que não sentem a sua vida a andar para trás, das gerações mais velhas às mais jovens, e que já se aperceberam que 47 anos de poder e gestão, tão gabados e publicitados como um estrondoso sucesso, deveriam conseguir mostrar melhores resultados. Que seriam facilmente observáveis, por exemplo, numa prosperidade bem repartida, que escapasse às piores estatísticas e índices de pobreza; numa saúde de qualidade, que não tivesse de esperar e desesperar; numa economia próspera, sustentável e desenvolvida, que não empurrasse os nossos amigos e familiares para a emigração; ou então numa continuidade territorial assegurada por diversos meios de transporte, que promovesse a abertura dos madeirenses ao Mundo e não a atitude tacanha e intelectualmente desonesta implícita no festival de prémios e superlativos que todos conhecemos.

Aspirar a uma vida melhor, que permita viver e não apenas sobreviver, é naturalmente compreensível e desejável, mas será sempre uma aspiração perfeitamente inalcançável se não formos bem mais exigentes com a qualidade de quem nos lidera. A escolha de um líder não pode por isso ser feita de forma leviana ou imprudente, escolhendo o candidato que diz o que queremos ouvir. Devemos escolher sim aqueles que nos oferecem mais garantias de merecerem a nossa confiança e de estarem à altura da nobre tarefa de representar e defender os interesses da população.

E é exatamente este perfil que reconheço na qualidade do trabalho liderado por Élvio Sousa na Assembleia Legislativa Regional, com um grupo parlamentar de apenas 3 deputados. Apesar do tamanho reduzido desta equipa, as ações que têm empreendido e os resultados apresentados em termos de fiscalização, investigação, exposição e denúncia dos vícios da nossa deficitária democracia regional falam por si. Da sua competência, dedicação, persistência e capacidade para que lhe confiemos mais responsabilidades, o trabalho já efetuado, assim como o saber e a experiência acumulados, não deixam margens para dúvidas. Quem o conhece mais de perto, quem já trabalhou ou privou com o Élvio acrescentaria seguramente outros traços da sua personalidade, que revelam o seu perfil acertado para a tarefa de nos representar. Como por exemplo, a sua serenidade e ponderação. Ou o seu sentido crítico, a sua sensibilidade, a empatia que evidencia na forma como fala, ouve e interage com os outros, os valores humanistas que advoga de facto e não apenas de boca, o seu sentido de serviço público ou a sua ética profissional.

É minha convicção que com líderes de qualidade, como o Élvio Sousa, que não se vende, que sabe liderar sem arrogâncias e outras megalomanias, e que já demonstrou ter competência para desenvolver e implementar políticas governativas, sociais, ambientais e económicas deste século e não do anterior, a Madeira tem todas as condições para oferecer bem-estar e prosperidade à sua população.

Mas sei também que não sairemos da cepa torta, se não tivermos a coragem de aceitar que o rumo seguido até aqui – e com ele os seus protagonistas – já não serve e tem mesmo de mudar.  Na verdade, emendar o caminho que temos escolhido é não só uma necessidade premente do tempo presente, mas é também uma obrigação moral para com os nossos descendentes, assegurando que lhes deixamos uma terra onde há qualidade de vida, uma Natureza em equilíbrio com a ação humana e uma ilha que não terão de amar à distância.

Liliana da Gama

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