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A normalidade, ou a falta dela, regressou a este pedaço de terra plantado no meio do Oceano a que muitos saudosamente insistem um chamar a Pérola do Atlântico. Há uns anos atrás, precisamente em 2010, na qualidade de letrista para o Festival da Canção Infantil da Madeira, escrevi um poema musical intitulado “Sentir a Ilha” que foi superiormente interpretado pelo Diogo Garcia. Acresce referir que o poema havia sido escrito em julho de 2009 e pretendia ser uma justa homenagem à minha esposa madeirense e extensível a todos os madeirenses que habitam nesta Região. O compositor Ricardo Rodrigues musicou o poema de tal forma que as palavras dançavam na voz do Diogo Garcia. E a canção (concluída em novembro de 2009) tornou-se um ícone pela pertinência da mensagem e pelo contexto em que a sua apresentação pública aconteceu (abril de 2010). A Região Autónoma da Madeira ainda “lambia as feridas” da aluvião que se abatera sobre a Ilha em fevereiro desse mesmo ano. Mas o que me levou a escrever este artigo nada tem a ver com Festivais ou memórias marcantes da nossa Ilha. É a resiliência dum povo, estoico e valente, que encontra forças aonde ninguém as vê para seguir o seu caminho.

Finda a campanha e consequente ato eleitoral, o povo estoico e valente decidiu manter a pseudoconfiança naqueles que nos governam há quase 50 anos. Decidiu mostrar um cartão vermelho deslavado ao PSD que, aparentando daltonismo, o interpretou como sendo um cartão laranja. Mas, na espuma dos dias, a cor foi-se esbatendo e a realidade surgiu nua e crua aos olhos daqueles que até à data sempre se consideraram intocáveis. Afinal, a confiança dos madeirenses e portossantenses atingira uns níveis deficitários preocupantes, obrigando uma gasta coligação a se submeter ao chamado “ménage à trois”, chamando o PAN a viabilizar a um Governo em tic-tac, esperando que o cuco no relógio marque o compasso das horas.

O JPP saiu destas eleições com um sentimento de dever cumprido, pois realizou uma campanha cheia de armadilhas, quais minas prontas a rebentar a qualquer instante e cuja ignição esteve patente diariamente, quer nas redes sociais, quer na Comunicação Social cá do burgo, subserviente aos donos disto tudo. Mas os madeirenses e portossantenses já não andam de “olhos fechados” e deixaram de ser “cordeirinhos mansos” para soltar as “garras do leão adormecido”. Mostraram a força dum povo, que enfrenta vagas e marés, ventos e tempestades para garantir a sua subsistência. A sua decisão no voto permitiu colorir a Assembleia Legislativa como nunca se viu. O verde volta a ser uma cor bem viva no hemiciclo, graças ao reconhecimento dos quase 15000 madeirenses e portossantenses que viram na ação do JPP uma lufada de ar fresco na política regional. Abalou, e de que maneira, com os poderes instituídos. Fez tremer aqueles que, no alto do seu EGO, se julgavam eternos. E é para continuar, porque jamais se pode baixar as armas. A luta será agora mais intensa, a fiscalização será mais rigorosa e a vontade de continuar a mostrar aos madeirenses e portossantenses aonde é gasto o dinheiro de todos nós.

Devemos “Sentir a Ilha” como verdadeiros Ilhéus que somos, herdeiros dum povo mártir que lutou, alcançou o bem-estar e glória. A Região não pode ser refém dos grupos económicos que se aliam ao investimento estrangeiro. A Região não pode perder a sua identidade em detrimento duma cultura financeira colonizadora. A Região não pode se “agachar” aos interesses particulares de meia dúzia que fizeram da impunidade o seu modo de Vida. A Região foi, é e tem de continuar a ser dos madeirenses e portossantenses… para que a espuma dos dias continue a refrescar o dia a dia daqueles que se levantam a cada amanhecer em busca dum futuro melhor.

E como bónus, aqui fica o link do vídeo da canção “Sentir a Ilha”… para que cada um sinta o arrepio e o orgulho de ser Madeirense:

(963) Sentir a Ilha – Diogo Garcia – YouTube

 

Zé Carlos Mota

 

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