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Voto de louvor ao “Bailinho da Madeira” uma das “7 Maravilhas da Cultura Popular de Portugal”

A letra e música “Bailinho da Madeira” criadas pelo poeta popular madeirense João Gomes de Sousa (1895-1974) mais conhecido como o “Feiticeiro da Calheta”, sagraram-se vencedoras numa das categorias do concurso promovido pela RTP1 das “7 Maravilhas da Cultura Popular de Portugal”, cujo resultado foi divulgado no dia 05-09-2020, numa emissão em direto da televisão pública portuguesa. O concurso dispunha de sete categorias, designadamente Artesanato, Lendas e Mitos, Festas e Feiras, Músicas e Danças, Rituais e Costumes, Procissões e Romarias, e Artefactos.

A candidatura do Bailinho da Madeira foi promovida pela Câmara Municipal da Calheta, terra de origem do autor da canção e foi acarinhada, entre outros, por Eugénio Perregil, investigador calhetense que “teimou” em colocar o Bailinho da Madeira no lugar de destaque que por direito próprio merece, sendo apadrinhada e promovida pelo tenor madeirense Alberto Sousa.

O Bailinho da Madeira foi popularizado por outro ilustre madeirense, Maximiano de Sousa, popularmente conhecido por Max. Esta canção de construção simples, é repositório das vivências dos madeirenses em tempos idos, e retrata uma deslocação ao Funchal pela ocasião da primeira festa das vindimas ocorrida em 1938, o que era uma “aventura” pela ausência de estradas e tortuosos caminhos que a orografia da ilha impunha. A solução era vir “sempre à beira mar” mesmo quando se vinha de “lá tão longe” das costas de baixo. As deslocações à capital faziam-se muita das vezes, por via marítima, em pequenas embarcações que transportavam pessoas e mercadorias (“trago aqui umas couvinhas”) para garantir um parco rendimento que pagasse ou atenuasse o custo da viagem. A letra do bailinho fala destas realidades e da beleza da ilha cujo “encanto não tem fim”.

Simplicidade e repentismo popular explicam o sucesso desta canção, num evento que marcou a história da Madeira com uma festa ao vinho e à caridade na angariação de fundos para a Escola de Arte e Ofícios, cujas instalações haviam sofrido um incêndio. Tornou-se na mais popular canção de sempre do repertório musical madeirense.

Dizia Leonardo da Vinci que “a simplicidade é o último degrau da sofisticação” e esta definição assenta como uma luva na presente distinção. Efetivamente, se há canção identitária da nossa matriz insular é o Bailinho da Madeira. Simples, despretensiosa, mas que nos “carrega a todos” e nos convoca para um pé de dança, expressão da nossa alegria e idiossincrasia insulares.

Pelo exposto e no quadro das suas atribuições e prerrogativas regimentais, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira aprova este voto de louvor ao Bailinho da Madeira vencedor numa das categorias do concurso das “7 maravilhas da Cultura Popular” promovido pela RTP1, e que consagrou aquela que é a canção identitária da cultura popular madeirense. Simples, verdadeira, sem artifícios, tal como a maioria dos madeirenses.

O Presidente do Grupo Parlamentar do JPP

Élvio Duarte Martins Sousa

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