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Não é nada indicado destruir uma das praças mais bonitas da cidade do Funchal”, declarou esta sexta-feira o professor e historiador, Emanuel Gaspar, numa crítica à proposta da Câmara Municipal do Funchal (CMF) de construir um estacionamento subterrâneo na Praça do Município, vulgo Largo do Colégio.

Numa conferência de imprensa organizada pelo Juntos pelo Povo (JPP), esta sexta-feira, em plena Praça do Município, o docente e autor da primeira petição pública “Contra a construção do estacionamento sob a Praça do Município”, lançada há dois anos, reforçou a sua posição de sempre.

Não faz nenhum sentido construir aqui o parque que a Câmara pretende”, reitera, para explicar as consequências nefastas se o projeto não for travado: “Estamos a falar de um lugar extremamente sensível, com dois edifícios classificados como monumentos nacionais, o Museu de Arte Sacra (antigo Paço Episcopal) e o complexo do Colégio dos Jesuítas, portanto é um lugar sensível, que terá trepidação constante e obviamente que todos estes edifícios vão sofrer não apenas do ponto de vista arquitetónico mas também as pinturas e azulejos.”

Emanuel Gaspar explica que aquele espaço nobre da cidade do Funchal foi projetado por dois grandes arquitetos portugueses, Francisco Caldeira Cabral e Raul Lino, e não tem dúvidas de que o avanço da obra iria “destruir toda a linguagem original da Praça, mesmo depois desta ser reposta”.

Quando por toda a Europa o incentivo à utilização dos transportes públicos e a redução da circulação automóvel nos centros das cidades mobiliza cidadãos e organizações ambientalistas, a Câmara do Funchal parece querer avançar em contraciclo, facto que também mereceu reparos do historiador: “Trazer carros para o centro da cidade, não é o ideal”, recomenda. “O ideal é retirá-los das cidades como faz qualquer cidade desenvolvida da Europa.”

A ideia de construir um parque de estacionamento na Praça do Município foi lançada por Pedro Calado, em 2021. A polémica que então se instalou e a reação pronta de figuras públicas e historiadores parecia ter relegado o assunto para as calendas gregas, mas eis que a atual presidente da autarquia, Cristina Pedra, fez ressuscitar o polémico tema.

As críticas foram imediatas. Perante a reação popular, Cristina Pedra veio a público admitir que tinha pedido um estudo, mas considerou a polémica “uma falsa questão”. Emanuel Gaspar interroga-se: “Se não têm intenção de construir, então por que razão gastam dinheiro dos contribuintes em estudos para uma coisa que não pretendem fazer?”

O historiador nota que a CMF tem pareceres internos que apontam fragilidades e constrangimentos à construção do estacionamento, e diz não entender por que razão a autarquia insiste no erro. “Há outros lugares na cidade onde podem construir novos parques de estacionamento, não aqui, no centro histórico, um ponto sensível e nevrálgico da cidade”, sublinha.

JPP na Praça do Município do Funchal

JPP contra parque de estacionamento na Praça do Município do Funchal

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