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A democracia foi conseguida à custa de muitos sacrifícios dos nossos antepassados, é a herança da nossa mais remota participação cívica e do mais supremo poder que nos foi confiado. Somos portadores de um voto de decisão, capaz de fazer cair os maiores monopólios e os mais autocráticos regimes. Porque é que ainda não nos demos conta disso?

É com gravidade, e muita pena, que perante um estado democrático, que nos orgulhamos de possuir, vejo governos, cujos rostos e nomes têm a ousadia de querer por em causa direitos adquiridos, durante os séculos de história política que nos atravessa. Nunca tinha visto tamanha ousadia em questionar direitos laborais, como as oito horas diárias de trabalho, ou o princípio da continuidade territorial, posto em causa com um subsídio de mobilidade desajustado ou a ausência, conveniente, de um ferry com ligações ao continente. Nunca tinha visto a vergonha e inércia de um serviço de Saúde que, muitas vezes, não consegue dar respostas adequadas às situações com as quais se confronta.

Afinal, porque ainda não nos demos conta que o poder de decisão está do nosso lado? A cada quatro anos, lá está ele, pronto a ser usado, com sabedoria, com rigor e com transparência. Porque ainda não nos demos conta, que somos os maiores intervenientes da história política das regiões? Porque ainda não nos demos conta, dos rostos e nomes, que se aproveitam das estruturas de poder, sejam elas partidárias ou não, para satisfazer os seus interesses? Porque ainda não nos havemos dado conta, que querem fazer de nós, o povo, o maior descendente da democracia, peões num tabuleiro de jogo viciado em interesses, entre amigos, dos amigos do poder? Porque ainda não nos havemos dado conta, que para mudar, devemos começar por mudar a nós mesmos e à nossa visão de nós próprios, do nosso papel na democracia, que ainda nos dá liberdade de escolha, uma liberdade que devagar, devagarinho, uns ditos cujos, nos querem arrancar?

ANDREIA GOUVEIA
Estudante

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