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À conta da situação da Medicina Nuclear no SESARAM nunca se falou tanto de Saúde na Região Autónoma da Madeira. Independentemente do resultado da Comissão de Inquérito à Medicina Nuclear, (comissão Dr. Rafael Macedo para os mais distraídos), a qualidade dos serviços públicos de saúde na Região está na ribalta. A perceção que passa é a de que discutir estes assuntos, só entre pares! Denunciar publicamente situações nesta área é que não pode ser! A saúde é uma “vaca sagrada” que não pode ser questionada pelo povo…

Ora, o povo quer saber o que se passa e pelos vistos não está com o governo nesta questão. Os trabalhos da Comissão trouxeram à tona um serviço regional de saúde alérgico às críticas e uma política de saúde que não responde às expetativas da população.

O desejo de “castigar” o médico que denunciou alegadas más práticas na gestão do serviço regional de saúde, nomeadamente a contratualização milionária de serviços à clínica Quadrantes quando havia capacidade pública para o fazer, levou a esta Comissão de inquérito na Assembleia Regional. Acontece que o tiro “saiu pela culatra”…

O tom inquisitorial, mais próximo de um Tribunal do Santo Ofício, não serviu para ilibar a política do PSD Madeira na área da saúde. Antes expôs as fragilidades e omissões que enfermam este serviço. Adiante…

Os problemas das listas de espera mantêm-se, a promiscuidade entre público e privado é uma realidade, basta assinalar que a RAM é das zonas do país com maior número de clínicas privadas, as infraestruturas hospitalares são aquilo que conhecemos, obsoletas e a “cair aos bocados” e entre discussões de quem paga o quê, o prometido novo hospital do Funchal tarda em arrancar.

Aquela que já foi considerada a “joia da coroa” da governação regional (pessoalmente nunca embarquei nesse registo), arrasta-se penosamente para uma qualidade de serviço paupérrima, apesar do resiliente profissionalismo da maioria dos profissionais que ali trabalham. O próprio presidente do Governo, Miguel Albuquerque vai ao continente para consulta médica, o que não deixa de ser sintomático…

São as opções políticas que ditam o desfasamento entre o serviço de saúde regional e o utente, este último a sofrer na pele o desinvestimento na oferta pública. Contrate-se com os privados…

Insidiosamente vai passando a ideia de que mais vale ter um seguro de saúde e poder ir para o privado do que procurar respostas no serviço público. É isto que se pretende, não tenhamos ilusões. A saúde paga-se, dizem eles… nem que seja através dos impostos, para um serviço tendencialmente gratuito e universal, digo eu!

JOÃO CARLOS FREITAS
Assistente Operacional

 

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