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Nos últimos dias o debate tem sido à volta da Europa, da sua finalidade, da sua viabilidade e da sua continuidade como projeto pacificador duma região historicamente conflituosa.

Muito se ouve mas o discurso é, não raras vezes, redundante, técnico e desmobilizador. Globalmente atravessamos um período de grande convulsão e vários são os apelos para que se centre o debate político nas questões emergentes. Assim o tentarei fazer.

A ameaça mais iminente que a nível local, regional ou nacional menos podemos influenciar é a de uma 3ª guerra mundial, que em desespero de causa pode levar a um cataclismo nuclear. No contexto europeu esse tema podia e deveria surgir mas nos debates a que assisti (poucos), nunca ouvi uma palavra sobre o assunto. É certo que não são obvias as medidas a tomar, mas fundamentalmente passam por contrariar a competitividade, a que estamos genética e epigeneticamente veiculados, abraçando um paradigma de cooperação que pode e deve forrar o berço onde crescemos. O veículo para a alteração deste paradigma é a Educação (um dia poderei explorar este assunto).

A segunda questão premente são as alterações climáticas, às quais temos de responder urgentemente com medidas musculadas quer para evitar escaladas dantescas de eventos extremos, quer para nos adaptarmos ao que inevitavelmente sucederá. Muitos negarão as ditas mudanças, recusando-se a sair do conforto do seu casulo mental e dos seus hábitos carbónicos. Podem e devem juntar-se aos defensores de que a Terra é Plana e formar um movimento político próprio. As alterações climáticas justificam investimentos públicos nas pessoas e requerem medidas conjuntas que aumentem resiliências individuais. A título de exemplo relembro dois assuntos que tento pôr em cima da mesa há uns anos sem sucesso: a autonomia energética e a autonomia alimentar (um dia poderei explorar este assunto).

E finalmente o debate sobre o emprego, sobre o sentido que este dá à nossa vida e sobre as ameaças ao mesmo. Todos concorremos para esta alteração societária quando fazemos escolhas no nosso dia a dia. O dinheiro é escasso, a oferta é variada e múltiplas são as plataformas de aquisição de bens e serviços. Quando impelidos pela urgência de apresentar resultados trimestrais aos acionistas, os quadros diretivos das empresas procuram eficiência e produtividade, o fator humano é recorrentemente sacrificado. Acontece na Europa, nos Estados Unidos da América e até na China. Sem emprego as pessoas perdem poder económico, perdem poder político e consequentemente Perdem-Se! Urge repensar o modelo económico vigente que procura o crescimento contínuo, mimetizando o sucesso biológico dos carcinomas malignos que só param de crescer quando matam o hospedeiro. Falta formação sobre os mecanismos elementares da vida aos Economistas. Aos linguistas peço com urgência uma redefinição do conceito de Sucesso (um dia poderei explorar este assunto).

Estranhamente (ou não), durante esta campanha ninguém falou da escandalosa influência da empresa Cambridge Analytica na manipulação de intenções de voto no processo do Brexit, ou dos estratagemas Russos que via redes sociais, levaram à eleição de Trump (ver Mueller Report). Estranhamente (ou não), este assunto ficou fora das Europeias e o que está em causa é só a mais elementar das condições da Democracia Representativa – o livre arbítrio. Suspeito que este assunto se mantenha omisso por mais tempo e continuemos a debater assuntos redundantes, técnicos e desmobilizadores que entediem as pessoas e afastem o Povo das questões emergentes.

Vêm aí eleições regionais, que se faça diferente!!

BRUNO PESTANA
Enfermeiro

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