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Os resultados das Presidenciais no nosso País têm sido tema de debate, já há vários dias, e continuam a merecer uma profunda reflexão de (e para) todos. Embora as particularidades que revestiram estas eleições, a Democracia saiu vencedora! Com um total que superou os 60% dos resultados globais, pela primeira vez, o Presidente da República eleito venceu em todos os Concelhos.

Contudo, estas Presidenciais, foram marcadas pelo (res)surgimento de discursos fantasmagóricos – xenófobos, racistas, e discriminatórios -, de sentimentos de confronto e de defesa de um sistema elitista que separa “uns e outros” e que foi mais além: tentou-se criar a figura do Presidente da República, apenas, para os “portugueses de bem”. E aqui, mais de 11% dos votantes (496 mil) comungaram com este discurso.

Mas volto ao inicio: neste ato eleitoral, ganhou a Democracia. Destaco o facto de, 88,1% dos votantes, terem refutado este populismo que nos tentaram “vender”: o Presidente da República é o Presidente de Todos os Portugueses!

Mas não podemos desconsiderar que, desde 2019, a população que apoia e que vota neste discurso fantasmagórico extremista tem vindo a crescer: de 1,2% passaram para 11,9% dos votos. E isto só demonstra que, vivemos uma Democracia ferida. Uma Democracia que exige a reconfiguração urgente do panorama político e governativo em Portugal. Como nos diz o célebre professor catedrático Boaventura de Sousa Santos, urge a “democratização da democracia”, de âmbito glocal!

Vivemos uma Democracia descredibilizada, quando, por exemplo, mantemos índices de percepção da corrupção que nos colocam na cauda da U.E., tornando-nos num dos piores Países no ranking sobre corrupção no setor público.

Vivemos uma Democracia ferida de compromisso e de transparência quando, não se verifica a verdadeira mobilização da classe política para a criação de uma estratégia integrada e robusta, de combate efetivo à corrupção no setor público, ultrapassando o “plano das intenções eleitorais”.

Vivemos uma Democracia ferida por injustiças e desresponsabilização quando, assistimos a arquivamentos de (grandes) processos judiciais, muitas vezes com o ónus a recair sobre todos os contribuintes.

Mas isto não pode justificar a vivência numa Democracia ferida de solidariedade e de uma profunda crise de valores quando, o desconhecimento (verdadeiro) de outras realidades e o egocentrismo, criam uma cegueira tal, que se torna justificação para a violação de um conjunto de Direitos Humanos, construídos com as lágrimas, a dor e o sangue de milhares e milhares de Pessoas que, merecem (no mínimo!) todo o respeito pela Vida e pela Dignidade de cada um de nós e de todos os OUTROS!

Há motivos para mudanças? Sem dúvida! Mas não poderão ser considerados “carreirismos acríticos”, quando se trata de construir a liberdade dos nossos filhos e netos!

 

LINA PEREIRA

Assistente Social

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