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“A velho poucos chegam, mas de velho ninguém passa” é um ditado popular que merece reflexão.

O envelhecimento demográfico é um facto. Ninguém questiona.

Da mesma forma, é inquestionável as necessidades pelas quais passam os mais de 41 mil idosos residentes na Região. Necessidades que não são só financeiras; refiro-me a necessidades de cuidados de saúde, de apoio nas tarefas domésticas, de adaptação do regime de acessibilidades, da “simples” companhia e atenção, enfim, uma diversificação de situações que exige uma co-responsabilização comprometida de TODOS.

Há elementos fundamentais a considerar: dos 41 mil idosos, 15,7% estão em risco de pobreza ou seja, por mês, (sobre)vivem com menos de 468€.

Para além de despesas habituais (alimentação, luz, água, telefone), têm custos acrescidos com medicação, produtos de apoio, sem falar de despesas com saúde – consultas, terapeuticas e até cirurgias (cataratas, próteses), muitas vezes pagas com empréstimos!

Estes desafios colocam-se de forma transversal:

– À família que tem a responsabilidade de zelar pelo bem-estar dos seus idosos, acompanhando-os e conferindo-lhes os apoios necessários. Mesmo “longe”, nada justifica o abandono. NADA! Na impossibilidade de, presencialmente, estar com os seus idosos, os familiares devem agilizar todos os esforços para que não lhes falte apoio. As tecnologias não deverão servir apenas para as redes sociais…

– À comunidade que tem obrigação de “olhar” pelos seus idosos. De acompanhá-los. De promover projetos que os envolvam de forma ativa, que os valorizem e que os OUÇAM.

Vários são os voluntários, os movimentos associativos, as paróquias e até os vizinhos que, diariamente e silenciosamente, dão Vida às vidas dos nossos idosos.

– Ao Estado, pelas funções e atribuições constitucionalmente consagradas, nos vários setores, exige-se mudanças. E já!

A aposta tem de ser, preferencialmente, na comunidade. O Governo Regional tem de investir na contratação de mais ajudantes domiciliárias. Têm de ser criadas equipas multidisciplinares de apoio ao idoso. Descentralizadas! Não daquelas que ficam no gabinete à espera que os idosos “batam à porta”…

Tem de haver trabalho articulado com as autarquias? Têm de ser construídos centros de noite? Os centros de saúde deverão ter consultas de especialidade e acesso a terapêuticas orientadas pela maior necessidade dos seus idosos? As instituições de apoio ao idoso – “lares” – têm, obrigatoriamente, de ver reforçados os seus recursos humanos?

Sim! Sim! Sim! Sim e Sim!

O estatuto do cuidador informal na Região é crucial para o apoio ao cuidador. Vários são os direitos que o Governo Regional se propõe a salvaguardar, embora de forma vaga e abrangente (com especificidades remetidas para Portaria).

Fica, contudo, uma certeza: se não houver os investimentos que referi, se não houver pre-disposição de trabalhar em conjunto e de forma concertada, se não houver consciencialização da comunidade para esta temática, por muito boa vontade que exista, o estatuto do cuidador informal não passará de um conjunto de intenções e, infelizmente, os nossos idosos verão as suas necessidades crescerem, sem qualquer solução à vista.

LINA PEREIRA
Deputada do JPP na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da  Madeira

*Artigo publicado no Tribuna da Madeira / 14-06-2019

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