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Ando a leste do Paraíso.

Após as últimas eleições legislativas regionais desliguei a ficha, ou melhor, a televisão! Substituí-a pela lareira que construi com as minhas próprias mãos. E que prazer recorrente este de aquecer a casa e cozinhar numa edificação minha, obra de alguma pesquisa e outro tanto suor. Enquanto entrecruzo a lenha, acendo-a e mantenho a chama acesa, recarrego energias e ganho tempo para assimilar ideias intemporais. Convenço-me de que assim ganho uma outra perspetiva sobre o quotidiano e afasto-me dos alarmismos mediáticos dos meios de comunicação social, que ao perderem audiências (para plataformas na internet) e por esta via financiamento publicitário, agarram-se com unhas e dentes a qualquer noticia sensacionalista.

Ora nada é mais alarmante que uma ameaça sobre a vida humana – não vivêssemos nós numa sociedade humanista, onde a vida humana é valor maior!

Por esta via, o tema mais badalado dos últimos tempos é a Saúde, ou melhor, as emergentes ameaças à vida que derivam do Corona Vírus (COVID 19). Dou por mim a relativizar a situação (provavelmente por falta de informação) e tento ver o que dizem os dados epidemiológicos. Segundo consta, as vítimas fatais desta potencial pandemia apresentam sistemas imunitários debilitados, seja pelo tempo de vida que acumulam, seja por manifestarem doenças crónicas que enfraquecem o seu sistema de defesa (podendo haver excepções).

Por mero acaso, veio-me parar às mãos o DN de 4 de Março onde o mediatismo do AVC de Dolores Aveiro com honras de primeira página, concorreu com as 15 noticias sobre o COVID 19. Outro dos temas em destaque neste diário foi o dia Mundial da Obesidade e transcrevo uma afirmação do Dr. António Quintal: “O problema é que as pessoas não encaram a obesidade como uma doença que efetivamente é muito grave, que provoca o encurtamento da esperança de vida em cerca de 9 a 10 anos”. Mais adiante na notícia, avança-se com números – 41% da população madeirense tem excesso de peso e 29% obesidade mórbida.

Eu diria que o problema em relação ao COVID 19 é que lavar as mãos e preencher inquéritos epidemiológicos, não serão medidas suficientes para suster o vírus. É fundamental que cada um zele pela sua saúde e urge implementar estratégias alternativas às campanhas de sensibilização que ao longo dos anos não têm convencido a população a manter um peso adequado, fazer exercício regular, não fumar e ter uma alimentação equilibrada. Os 70% de madeirenses com excesso de peso ou obesos, são pessoas doentes que correm riscos todos os dias e não apenas quando surge um surto viral.

O futuro dirá se o COVID 19 é mais ou menos perigoso que os AVC’s (de momento também na ribalta) que em 2018 vitimaram 238 madeirenses, sendo que todos os anos morrem pessoas debilitadas quando o tempo arrefece. Uma coisa é certa, desde que aqueço a casa com a lareira que eu próprio construí, ando mais quentinho e menos alarmado.

BRUNO BERENGUER

Enfermeiro

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