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Hoje li o artigo deste senhor e senti um misto de emoções. No entanto em vez de tentar procurar as razões por detrás da opinião do mesmo que justifiquem as afirmações que constam no dito artigo, vou tentar “contribuir” para a questão.

1. A primeira e segunda versão do concurso sempre foram muito pouco atrativas para qualquer interessado num ferry a operar entre a RAM e o continente:
1.1 No Porto do Funchal o cais Ro-Ro sempre dependente da disponibilidade do Lobo Marinho, o passado assim o comprova. Este porto não tem terrapleno para apoio aos atrelados e respetivos tratores.
1.2 O cais Ro-Ro do Porto do Caniçal está limitado, por razões de segurança, na envergadura da boca do ferry (largura do navio) que lá pode atracar, o que cumprindo com os cadernos de encargos é muito difícil encontrar um ferry, que cumpra com o limite máximo de boca e tenha o mínimo de 12 000 TAB (Tonelagem de Arqueação Bruta – Volume do interior de um navio medido em 100 pés cúbicos ou 2,83 m³). Pese embora um ferry que excede esse limite de segurança já tenha usado o cais Ro-Ro do Caniçal, algumas vezes, no passado (o que levanta questões se o limite está adequado e se não porque razão foi definido dessa forma).
2. A ARMAS na altura referiu que abandonou a linha porque:
2.1 Na altura pagava 125€ para descarregar um camião, quando em Portimão eram 11,5€ e em Canárias 45€.
2.2 Foi referido na altura que as taxas da APRAM iriam aumentar 15%.
2.3 Mudanças, por parte da autoridade portuária, de horários de chegadas com três dias de antecedência, o que não se coaduna com um serviço que lida com passageiros e promessas de data de entrega feitas aos clientes.
2.4 Aumento do preço do combustível.
2.5 Obrigatoriedade de levar os tratores junto com os atrelados, reduzindo 25% a capacidade de carga do navio.
3. Os preços de carga, do ferry, atuais não são os de 2010, são mais caros entre os 8 e 144%.
4. A ENM paga agora ainda menos taxas, do que quando era o ARMAS a fazer a ligação, se calhar se a ARMAS e outros armadores soubessem que a TUP/Carga de importação ia ser anulada teriam apresentado proposta no concurso.
5. O Governo Regional sabe, pois pagou para que se fizessem estudos sobre o assunto, que a viabilidade económica da operação da linha ferry passa pelo transporte de carga todo o ano imperativamente.
6. Só não anseia por um ferry todo o ano, quem tem um poder de compra tal que não se importa com as consequências da insularidade ou com os preços astronómicos do transporte de mercadorias para a RAM.
7. É verdade que não faz sentido que, no transporte aéreo, os madeirenses tenham de adiantar o valor da passagem todo e só depois receber o subsídio, no entanto o mesmo acontece com a passagem para o Porto Santo no Lobo Marinho, que por acaso é do Grupo Sousa, o que levanta a questão da não exigência da mesma vontade política para o caso ferry que faz a linha Madeira-Porto Santo.

Existem mais questões a levantar sobre este artigo e outros semelhantes, mas estas já são suficientes para a época em que nos encontramos.

Hoje li o artigo deste senhor e senti um misto de emoções. No entanto em vez de tentar procurar as razões por detrás da…

Publicado por Leonardo Manuel Gouveia Reis em Quarta-feira, 1 de Agosto de 2018

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