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As alterações climáticas são um processo em curso, já imparável neste século. Assistimos, globalmente, à subida do nível do mar, à falta de água e a eventos climáticos extremos com impactos devastadores.

As nossas ilhas não são exceção! Estas alterações trarão consequências irreversíveis para uma região já de si muito vulnerável, quer falemos de impactos diretos na redução dos caudais de água, com efeitos na agricultura e recursos naturais, quer pelo aumento de fenómenos extremos, tais como ondas de calor, secas e períodos de precipitação intensa, assim como pelo aumento da prevalência de vetores transmissores de doenças como a febre da dengue.

No entanto, a ação política para combater as alterações climáticas parece estar a enfraquecer, ao mesmo tempo que a situação vai piorando para todos nós, que sentimos os seus efeitos.

Continuamos a assistir a uma intervenção política pouco séria para a mitigação das alterações climáticas e para a valorização da nossa floresta, que é fundamental para o futuro das novas gerações.

Não podemos continuar a implementar medidas avulsas e sem uma estratégia de fundo e global. Não podemos continuar a impermeabilizar solos, danificando, permanentemente, os nossos recursos aquíferos prejudicando a captação e infiltração de água.

A inércia está a danificar, por exemplo, a nossa floresta Laurissilva, que representa uma elevada fonte de receita turística, mas também um importante ator no equilíbrio biofísico da Ilha.

E neste sentido, não posso deixar de fazer referência aos “ataques governativos” à Laurissilva, que hoje apresenta uma grave deterioração resultante da má governação dos últimos anos, conforme aponta, aliás, um relatório da IUCN.

Quatro anos depois, as instituições internacionais vieram a público dar razão ao JPP, reafirmando que este Governo desconsiderou a nossa natureza e desrespeitou o nosso património natural e a conservação do ambiente que pertence a todos nós.

Em resposta, o executivo mantém a postura acusatória a todos aqueles que o criticam, sejam eles deputados, sejam eles instituições de renome e de grande credibilidade como é a IUCN, optando por declarar que a UNESCO nada tinha a ver com este relatório, quando o mesmo vem assinado pela própria UNESCO e continua a ser divulgado no seu site oficial.

Num outro prisma, continuamos a assistir a investimentos desestruturados na área energética, que resultam em aumentos em 24% no consumo de energias NÃO renováveis, e decréscimos de mais de 33% na produção de energia a partir das fontes renováveis.

Estivemos 4 anos a discutir, no Parlamento Regional, compromissos mais ambiciosos que vão além do Acordo de Paris para atingirmos objetivos de neutralidade carbónica. E no final de contas, verificamos uma inércia governativa em toda a linha.

Recordem-se as palavras do Sr. Secretário-geral da ONU, quando referiu que esta geração de Governantes falhou na resposta ao desafio da maior crise que a humanidade enfrenta.

Falharam porque tiveram dificuldade em se libertar dos interesses instalados e dar a devida importância a estes assuntos. Falharam porque colocaram a discussão onde ela nunca deveria ter caído – no partidarismo e na demagogia, ignorando sinais evidentes das transformações climáticas. Falharam na mudança de comportamento e em dar passos seguros em defesa do Planeta. Falharam em garantir o futuro das novas gerações.

Tal como referiu Guterres, está na altura de dar a liderança aos novos políticos, para atuarmos e lutarmos todos JUNTOS e salvarmos o que ainda for possível salvar. E, finalmente, nos colocarmos no lado certo da História.

*Artigo de opinião publicado no JM / 15-07-2019

Observação:

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