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Esta última semana, marcada pelo aumento da tragédia de âmbito nacional associada à proliferação de incêndios de surgimento simultâneo e por explicar, deixou-nos de cabeça tombada perante a grandeza de um poder descontrolado chamado fogo. Choraram-se as dezenas de mortos, cumpriu-se os três dias de luto, mandou-se para a rua alguém para descarga de consciência e limpou-se o que a vergonha pouco deixa esconder. Outras desgraças semelhantes voltarão e a nossa pequenez perante uma verdadeira admissibilidade de culpa e de incapacidade para resolver o assunto a curto prazo continuará saliente. E a verdade é esta. Faça-se o que se fizer, levará muito tempo até nos aproximarmos de uma estratégia ideal de prevenção. Sim, é na prevenção e não no rescaldo que está a solução, paralelamente a uma dura criminalização dos pirómanos.

Mas falemos de coisas mais felizes. A nossa região recebeu, de braços abertos, o primeiro Presidente da República Democrática de Timor-Leste. Xanana Gusmão, um destacado líder político e revolucionário do século XX, conheceu, de forma dura, o que custa implementar uma democracia.

Tentei compará-lo ao nosso Presidente da República, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa. Em comum partilham o carisma próprio de líderes que movem massas, porém, o nível de humildade é completamente diferente: um é académico, outro é guerrilheiro, um é presidente que reproduz comportamentos sociais igual cassete, outro é espontâneo e imprevisível junto de cada pessoa com quem se cruza, sendo igualmente atencioso à frente ou atrás das câmaras.

Independentemente das simpatias que possa ou não reunir, Xanana Gusmão defende fervorosamente a consolidação e aprofundamento da paz. A sua luta pela criação e manutenção do estado democrático, paralelamente à defesa dos direitos humanos, principalmente nos países marcados pela guerra e pobreza, fez dele um dos fundadores do g7+.

Numa alocução, no âmbito da Conferência “Desafios do Desenvolvimento”, este líder histórico falou-nos da complexidade e importância que é reunir diversos países afetados por conflitos para uma partilha de experiências promotora de aprendizagens que os tornem reivindicadores de reformas estruturadas, junto dos diversos agentes internacionais. Mais do que um “tubo de ensaio” para as grandes potências, querem ser eles a criar estratégias de desenvolvimento inovadoras e lideradas pelos seus próprios Estados.

É no atual panorama internacional que o g7+ pretende consolidar-se através de reuniões ministeriais, apresentações junto da ONU e memorandos de entendimento e cooperação entre os países membros com vista à reconciliação e à paz. Não menos verdade é a sua intenção de ganhar defesas contra os países mais desenvolvidos, já viciados em esquemas que prejudicam os apoios aos mais fragilizados. Canalizemos esta realidade para a esfera da nossa região e facilmente encontraremos semelhanças. Na forja encontram-se diferentes G7s… uns mais bem cozinhados do que outros.

Patrícia Spínola
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