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A Venezuela está na mira do mundo. Um país de que tanto já se falou, inúmeras vezes por boas razões, não fosse ele a tábua de salvação para muitos daqueles que decidiram abandonar a pobreza da época em que viviam, em busca de algo melhor para si e para a sua família.

Contudo, passe o tempo que se passar, seremos sempre visitas num país de acolhimento. Temos hoje, mais do que nunca, uma situação deveras preocupante relativamente à segurança dos que lá vivem, onde se incluem os portugueses, entre eles muitos madeirenses, que por lá ainda insistem em ficar. Imaginamos como será difícil decidir partir e começar, novamente, do zero. É isso que está em cima da mesa para muitos. Chegar a “casa” sem qualquer acesso ao que é seu: nem contas bancárias, nem propriedades (muitas de herdeiros diversos ou por legalizar), nem proteção e apoio social, nem documentos, nem pensões… Só tempo, muito tempo de espera para que os processos burocráticos tomem lugar, para que a Associação criada para os ajudar (indiretamente desvalorizando a proposta do JPP para a criação de um Gabinete de Apoio ao Migrante) mitigue as limitações de um sistema de apoio longe do ideal.

O Governo (?) de Nicolás Maduro diz ter tudo controlado à boa maneira de quem quer fazer parecer que sabe o que está a fazer. Neste sentido, temos uma mixórdia de repressão, uso de força excessiva, atos autoritários, tortura e apontamentos de rebeldia militar, acompanhada pelo confronto entre legisladores (Assembleia Nacional) e constituintes ilegítimos, pois estes últimos não surgiram de uma revolução para a revisão da Constituição, único motivo previsto para a criação de uma Assembleia Constituinte.

Longe parece estar a desejada estabilidade. Até onde pode um Presidente abusar da democracia? Quando é que se deixou a mesma passar a autoritarismo? Como se enquadram os presos políticos num ambiente democrático? Afinal, existe um buraco negro, à frente de todos, em qualquer país democrático, que permite a manipulação de um Parlamento. Um mesmo líder, dois poderes, sendo a Assembleia Constituinte uma estratégia de se perpetuar no poder.

Neste momento, a Venezuela já vive uma ditadura e esta carateriza-se por sinais bem nítidos como a violência contra manifestantes e a perseguição aos membros da oposição, diferente das perseguições conhecidas por cá, formalmente protegidas por assinaturas políticas em documentos formais, que mudam negativamente a vida pessoal e profissional dos envolvidos, tentando castigá-los por pensarem diferente da insegura maioria.

Controlar o dinheiro, os processos burocráticos e os grupos militares e paramilitares é a receita perfeita para garantir poder ao Governo de Nicolás Maduro. Estes últimos estão espalhando fortemente em cargos políticos, empresas e televisão, havendo um dia nacional para o título de General. Apesar desta realidade, um futuro golpe militar não está fora de questão. A consciência dos militares fará por isso.

Patrícia Spínola
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