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Ao embrenharmo-nos pela primeira vez num casino ficamos com a sensação de que estamos num país afastado onde se fala uma língua desconhecida. Esta foi a sensação de quem apostou em grande nas últimas eleições autárquicas e saiu da ressaca recentemente. Na verdade, as expressões próprias das salas de jogo nem sempre correspondem exatamente ao que pensávamos e o mesmo acontece quando acreditamos em determinadas promessas políticas. Porém, a linguagem de casino torna-se mais compreensível quando “jogamos em casa”.

Quanto o Presidente do Governo Regional da Madeira, eleito em 2015, fez a sua aposta em Secretários que o auxiliariam a ganhar o jogo, ou seja, a cumprir o programa eleitoral, colocou todos as suas fichas na mesa, como sendo aquelas a melhor jogada, de um apostador experiente, com vista a alcançar o “Jackpot”. Contudo, os prémios de valor mais elevado são atribuídos nas urnas, verdadeiras “slot machines”.

Se antes a Madeira era pintada de laranja, hoje nem a expressão vermelho-preto, muito utilizada no jogo da Roleta, seria suficiente para responder à paleta de cores que embeleza o nosso mapa. Se antes um cabeça-de-lista PSD era aposta ganha, hoje é impossível fazer essa dedução.

Todo o candidato desejaria alcançar a jogada “Even”, cujo resultado paga o mesmo valor que o partido nela apostou. Num conceito mais moderno de perder ganhando, temos a estratégia “Cheval” ou “split”, em que há uma aposta simultânea em dois números que se encontram ao lado um do outro. Politicamente falando, um mesmo partido aposta em mais do que uma candidatura apoiando indiretamente, por exemplo, movimentos de cidadãos.

Quando as coisas correm mal, ouve-se o “Call”, o anúncio do momento de apostar, com a possibilidade de “Add-On”, ou seja, adquirir novos Secretários Regionais. Com o intuito de alcançar um “Royal Flush”, reúne-se Miguel Albuquerque (Ás), Pedro Calado(rei), Paula Cabaço (dama), Amílcar Gonçalves (valete) e Pedro Ramos (vale por 10). Resta saber se estas cinco cartas na manga serão verdadeiramente do mesmo naipe, proporcionando uma jogada “straight flush”.

Entretanto, enquanto o povo anda entretido com a dança das cadeiras, o Presidente do Governo Regional mantém a “Poker Face”, subindo a aposta, mesmo tendo uma mão com poucas probabilidades de ganhar, na tentativa de levar os outros adversários a desistirem. Independentemente de ter uma mão fraca, o “bluff” é a luz que, projetada no fundo do túnel, tenta salvar a ruína agendada para 2019.

A verdade é que precisamos urgentemente de um novo “dealer” para comandar e orientar os jogos de cintura, numa altura que as correias continuam apertadas, num paulatino despreendimento das contingências económicas obrigatórias. Nós, por cá, aguardamos a “Wild card”, aquela que, em qualquer jogo, pode substituir qualquer outra carta. Onde andas Joker, a 53ª carta de cada baralho…?

Observação:

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– Os posicionamentos ideológicos e políticos do JPP não se encontram refletidos, necessariamente, nos artigos de opinião contemplados nesse mesmo espaço de opinião. 
Patrícia Spínola
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