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O Governo Regional, através da sua Resolução do ano 2002, considerou que a Associação Musical e Cultural Xarabanda presta e desenvolve atividades de utilidade pública, considerando ainda que a mesma assume um relevante papel na promoção de atividades de interesse local e nacional. Posteriormente, num Despacho Conjunto de 19 de fevereiro de 2007, reconheceu que a associação tem por objeto ações de cariz cultural, nomeadamente na pesquisa e divulgação de músicas tradicionais madeirenses, no ensino de instrumentos típicos da região, na formação sobre a música popular portuguesa, na edição do cancioneiro e romanceiro tradicional e no desenvolvimento do gosto e da competência pela investigação nos domínios literários e musicais da cultura tradicional. Contudo, passados 16 anos destas primeiras palavras oficiais de apreço, o mesmo governo regional mantém esta associação numa cave de um dos seus edifícios.

A Associação Xarabanda chegou a entregar um projeto preliminar do Museu da Música Tradicional da Madeira, no Instituto de Desenvolvimento Regional, a 9 de março de 2016, onde seria também a sua nova sede, com a concordância do Governo Regional, conforme noticia de 31 de março do mesmo ano, faltando realizar obras de adaptação de forma a incluir no espaço não apenas a sede do Xarabanda mas também a sua coleção de instrumentos, um centro de documentação, uma biblioteca, uma oficina de construção e restauro de instrumentos tradicionais, salas de formação, a escola de música, sala de ensaios e um auditório para a realização de concertos. Nesta data, continuava a faltar a declaração de interesse cultural para a região e uma declaração de titularidade do prédio, pendentes de despacho do Governo regional, para concluir o dossier de candidatura ao Programa Madeira 14-20.

Contudo, em maio de 2016, o Governo decidiu autorizar a venda, por hasta pública, do prédio da Rua Nova de São Pedro, nº 50, anteriormente atribuído ao projeto do Museu, por 510 mil euros alegando que este revestia-se de caráter excedentário, não sendo necessário à prossecução de interesse público. Depois de ninguém ter feito propostas pelo então valor apresentado, o Conselho do Governo, reunido a 4 de maio de 2017, resolveu autorizar novamente a venda pelo valor base de 445 mil euros. Nunca chegou a ser vendido.

A exemplo do cofinanciamento comunitário para a requalificação do Museu da História Natural do Funchal, o mesmo apoio se solicita ao Governo Regional para erguer o Museu da Música Tradicional da Madeira, muito mais amplo e versátil que o projeto Casa de Max, que tendo a sua importância e espaço, não se enquadra na dimensão do projeto previamente apresentado para o Museu e não responde às expectativas da sua principal mentora. Embora o local possa variar, o que importa é que este projeto avance e ofereça condições semelhantes às diversas valências previstas no projeto inicial. Hoje, a Música da Madeira é muito mais do que Max e o Bailinho.

*Artigo de opinião publicado no Tribuna da Madeira / 02-02-2018

Patrícia Spínola
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