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Esta é a semana em que se homenageia e festeja a mulher. Eu, infelizmente, não consigo ver nisso uma coisa boa, não consigo deixar-me levar pelas festas e shows que em pouco enaltecem a mulher, não consigo ver como um dia de festa, mas sim como um dia de luta, como um dia de consciencialização tanto do papel da mulher como dos desrespeitos a que ela ainda está sujeita. Eu sou mulher e avessa a este dia me confesso: não posso conceber que, nos tempos que correm, ainda existam tantos casos que suscitem as reflexões e debates que ao longo desta semana proliferam. E ainda há muito que consciencializar, sobretudo junto das mulheres. Há ainda um trabalho de empoderamento da mulher que só pode ser feito por ela própria. É urgente que a própria mulher reconheça e tenha presente aquilo que a dignifica, aquilo que quer e sobretudo o que não quer, nem aceita, enquanto mulher.

Eu sou mulher, com orgulho na pessoa que sou, feliz e satisfeita por ser mulher e não aceito que nem todas as mulheres sejam respeitadas naquilo que as define e representa. Não podemos permitir que mulheres sejam discriminadas e inferiorizadas simplesmente por serem mulheres. Não podemos permitir que as mulheres continuem a ser vistas apenas como a mãe, a cuidadora, a empregada, a subalterna.

Eu sou mulher e sou mãe, e quero apenas ser a mãe dos meus filhos e não do meu marido. Não quero um marido que me ajude a cuidar dos filhos, que também são dele, que me ajude a cuidar da casa, que também é a dele e me ajude a tratar da roupa que também é a dele. Eu quero um marido que seja um companheiro na vida, na casa e na família, não um ajudante. Não quero ser uma grande mulher por detrás de um grande homem, quero estar ao lado, numa parceria, num projeto conjunto. Felizmente assim é, caminhamos lado a lado! Pena que não seja assim em todas as casas, em todas as famílias!

Não quero, nem aceito, um lugar na política para cumprir com uma quota, para respeitar a lei da paridade: eu quero o lugar a que tenho direito, ao abrigo das minhas capacidades e valências. Não quero, nem aceito pertencer ao grupo das senhoras que tomam chá, enquanto os maridos falam de política.

Não quero ser figura de estilo na sociedade e na família, quero antes ser verbo, ser ação, ser movimento que faz o mundo avançar.

Vamos lutar pela dignificação das mulheres, todos, homens e mulheres, juntos/juntas, unidos/unidas. Não vamos transformar este dia num dia de “patusca com as amigas e show de strip”. As mulheres merecem bem mais que isso! Tantas se sacrificaram por esta data, para que hoje eu, enquanto mulher, tivesse o meu lugar. Vamos denunciar todos os abusos, todos os desrespeitos, exigir igualdade de tratamento e sobretudo vamos tomar consciência que leis como a da paridade são necessárias, mas são apenas um penso rápido, não a solução. Aquilo que precisamos é de mudança de consciência, e isso começa, antes de mais, em cada mulher. É preciso que, de uma vez por todas, as próprias mulheres tomem consciência do seu poder pessoal e do seu papel.

Cátia Vieira Pestana
Assistente Técnica

 

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