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O projeto “ACORDE!” pretende dar visibilidade ao património dos cordofones madeirenses, nomeadamente o braguinha, o rajão e a viola de arame, ao ponto de se exigir, e bem, a instituição do Dia Regional dos Cordofones Tradicionais Madeirenses, a ser celebrado no dia 4 de fevereiro.

Acredito estarem reunidas as condições para tal, perante a certeza de que esta forma de celebração do nosso património é uma mais-valia em termos da preservação da nossa identidade. É com expetativa que aguardo no plenário, no seguimento da vontade expressa pela Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia, a proposta de oficialização deste dia regional, por parte do governo.

Para acompanhar este reconhecimento e motivar os artistas que criam, executam e compõem para estes instrumentos, virando a sua prática para as novas gerações, é importante a homologação dos cursos de braguinha, rajão e viola de arame do Conservatório – Escola Profissional das Artes da Madeira, que estão na oferta formativa do Ensino Artístico Especializado.

A entidade competente nesta matéria, a Agência para a Qualificação e o Ensino Profissional, solicitou que essa candidatura fosse melhor fundamentada e justificada, num processo que já se arrasta há vários anos, e que compete ao Governo Regional agilizar o processo e resolver o imbróglio.

Comparando as declarações do Diretor Regional da Educação, a 4 de outubro de 2017 com as declarações do Dia da abertura do projeto “Acorde!”, na passada semana, o discurso governativo mantem-se idêntico: “A nossa ideia é recolher mais informação complementar e reenviar à Associação Nacional para a Qualificação.”

Ora, não se percebe qual é a demora numa região tão rica em história e prática dos cordofones, atualmente com professores habilitados e programas curriculares prontos. Não se percebe como é que o território continental, na componente de guitarra portuguesa, e nos Açores, com a viola da terra, conseguiram a respetiva homologação dos seus cursos e, por cá, se encare o assunto com tamanha leveza.

No reconhecimento feito pela associação nacional no que concerne à viola da terra (Açores) pode ler-se “que o curso básico de viola da terra existe apenas em contexto cultural e legal da Região Autónoma dos Açores” acrescentando “ser legítimo que os alunos que o frequentam pretendam prosseguir estudos a nível secundário nessa área”. Que legitimidade é esta que trata dois arquipélagos de forma diferente? Onde errou o Governo Regional na preparação do processo de homologação? O que é que este já fez para enriquecer a candidatura e reenviá-la com urgência? Não se está a pedir, nesta fase atual, uma homologação de algo totalmente experimental, mas sim de algo que tem bases concretas e que já é trabalhado como oferta complementar.

*Artigo de opinião publicado no Tribuna da Madeira / 09-02-2018

Patrícia Spínola
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