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Da história.

Os primeiros escritos clássicos mencionam que onde há portos, há comércio e negócios. É a porta de entrada de gente e de mercadorias. Depois do processo de povoamento das ilhas do Porto Santo e da Madeira, no século XV, os portos serviram de escala de navios em rotas transatlânticas. Gerou-se, após a instituição do modelo urbanístico vigente, um mercado que cruzou correspondência mercantil, capitais, navios, sociedades de exploração, feitores, enfim, toda uma dinâmica que trouxe valor acrescentado à economia insular.

Não esqueçamos, entre outros, o estudo do historiador francês Albert Silbert “Madeira: uma encruzilhada no Atlântico”, que confronta a rede comercial do Atlântico e os chamados “poderes do mar”.

O lodo.

O lodo nos portos encarna um sistema de teias emaranhadas entre relações público-privadas, com muitas décadas de relacionamento. Num arquipélago dependente das ligações marítimas para o transporte de mercadorias, o serviço de cabotagem insular é deveras apetecível. Poderá dizer-se (afirmam as operadoras regionais) que o preço máximos dos fretes e da estiva não são dos mais altos do país. Todavia, quem o afirma não esclarece, a seu bel-prazer e regaço, que para o Caniçal os preços não incluem a componente de renda do terminal, que no Continente pode atingir entre 20% a 40% da receita do terminal.

Pois, esta é a verdade.

O que permanece certo é que a promessa do PSD de baixar os custos do “porto de contentores mais caro da Europa” (palavras de Miguel Albuquerque) não foi cumprida, e dificilmente será nas atuais circunstâncias de recente capturação do poder político pelo poder económico. Continuamos e continuaremos, infelizmente, além dos mais altos impostos das regiões ultraperiféricas, a pagar 600 euros para transportar uma viatura do Continente para a Madeira. Ao porto-santense, ainda mais isolado e insularizado pelo distanciamento, é-lhe cobrado mais um dízimo.

A regionalização da operação portuária.

Não acreditando em uma palavra do que dizem alguns governantes e algumas encomendas jornalísticas, e ciente dos truques da governação e da grotesca encenação da “reestruturação portuária” (com ações administrativas e acordos cúmplices, entre partes), creio que não restará outra solução senão estudar, com profundidade, a regionalização da operação portuária e do transporte de mercadorias. Um governo a operar na defesa do interesse público. No atual quadro legal vigente, não só é possível, como será inteligível.

Uma última nota sobre a “babujinha chavista”

Usando o regionalismo, da babujinha de água em qualquer lugar, o CDS de José Manuel Rodrigues (pessoalizo, porque já invocou, por diversas vezes, uma referência insultuosa) diz que o Movimento que milito é um admirador do regime comunista da Venezuela. Não sei porque o faz, fez e continua a fazer. Espero, sensatamente, que não seja por mera admiração mimética da ação e da atitude do comportamento obsessivo, em tempos, do Dr. Alberto João Jardim, que desde 2001 repete essa injúria.

É oportuno recordar para viver. Pelo menos, que eu saiba nesta vida terrena, nunca me deixei fotografar e abraçar com atual “ditador” venezuelano. Agora, Paulo Portas, do CDS, segundo se lê e se observa na imprensa portuguesa e estrangeira, andou aos “abraços e beijos” recentemente com Nicolas Maduro. As fotos são deliciosas. Até o chamou de “amigo” e de “homem que marcou história recente da América Latina”.

Marcou, marcou, José Manuel Rodrigues, da miséria, da pobreza, da fome, da escravidão, e do respeito pelos mais elementares princípios democráticos.

*Artigo de opinião publicado no Diário de Notícias / 11-11-2018

Élvio Sousa
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