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Durante o primeiro trimestre deste ano, o Governo Regional dinamizou e promoveu os Instrumentos Tradicionais da Madeira através de exposições e discursos merecidos de agradecimento por décadas de dedicação dos músicos que se prestam à preservação deste património material e de todo aquele, imaterial, dele derivado. Contudo, quando se tratou de traduzir essa consideração em atos concretos, recuou perante a proposta do JPP, na Assembleia Regional, para a criação de um Museu da Música Tradicional da Madeira que reunisse todo o espólio espalhado por diversas associações e grupos folclóricos e desse dignidade a toda uma herança procurada por quem nos visita.

Por outro lado, o município do Funchal, no mandato anterior, já havia tentado implementar o projeto prontamente barrado pelo Governo Regional que, anunciando ser o legítimo dono do prédio em causa, onde esteve sediada a antiga Junta de Freguesia de São Pedro, impediu a sua execução e colocou o prédio à venda por duas vezes. Sem sucesso, registe-se.

Chegou a altura da Câmara Municipal do Funchal, através da proposta hoje apresentada em sede de assembleia municipal, pelo JPP, mostrar que não é o espaço físico que bloqueará um desejo antigo, mostrando que continua a apostar na valorização da cultura, dando agora atenção à música tradicional, protegendo aquilo que fomos, o que somos e o futuro daquilo que nos identifica. É também aqui, neste espaço, que os mesmos partidos que apoiaram a medida na assembleia regional, mostrarão se mantêm a sua posição, agora num cenário em que são maioria.

O Funchal tem como desígnio melhorar as condições dos recursos turísticos e culturais, cujos resultados deverão pautar-se, entre outros, pela salvaguarda da memória, através de investimento público no reforço e modernização da oferta cultural. É indiscutível que este processo visa salvaguardar a identidade da comunidade, sublinhando o sentido de pertença ao coletivo. A capital da Região Autónoma da Madeira é um polo cultural de excelência, com propostas de lazer e entretenimento, rica em oferta e diversidade.

Porque juntos somos mais fortes, através do debate municipal plural, exigiremos a dignidade que um espaço destes merece, longe da aspiração do governo regional que quer atribuir um anexo do futuro espaço dedicado a Max, a tamanho património por inventariar e preservar. Comparar o incomparável! Puro desconhecimento ou deliberada ignorância? O Funchal tem voz e esperamos que, em coro multipartidário, ninguém a cale.

*Artigo de opinião publicado no Tribuna da Madeira / 21-09-2018

Patrícia Spínola
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