O sintoma
Passo a passo, com precisão, sem pressa, moderadamente, caminhamos…
É assim, e assim será.
Já diz o ditado português, que “devagar se vai ao longe”, pois o tempo de credibilidade é maturo.
Não raras vezes tenho assistido a crescentes ansiedades por motivos político-partidários. Os estudos de opinião ou as sondagens são prova disso. Discutem-se estudos às vezes com maior profundidade do que realmente resultados concretos. É um sintoma da alteração comportamental e conjuntural, de uma terra com pouco mais de 250 mil habitantes.
Mas é legítimo ansiar e interrogar o presente e o futuro. Sem dúvida que sim. Talvez seja insensato fazê-lo, sem plena consciência do passado, pois as correntes interligam-se.
Devagar, devagarinho
Em Santa Cruz, o executivo camarário costuma usar uma expressão muito curiosa: “devagar que tenho pressa”. E foi, gradualmente, que mostraram ao eleitorado uma forma distinta, singular, homogénea de fazer política (social, económica, cultural). A (suposta) renovação, que se traduziu em desilusão, não sabe lidar com esse carisma de tempo, de credibilidade, de projeto maduro.
É difícil, aliás é extremamente custoso, desmontar um modelo de conjunto criado com raízes amadurecidas.
As ansiedades confundem-se com impaciências
Aí está outro sintoma que cresce de dia para dia. As redes sociais são, por exemplo, o espelho dessas ansiedades.
Hoje, parece que se deseja plantar a árvore e fazê-la crescer no dia seguinte, artificialmente.
O crescimento da estrutura da árvore necessita, essencialmente, de tempo e de raízes sólidas. Acelerar o crescimento sustentado, natural e espontâneo é desvirtuar o caminho. Todavia, não confundamos crescimento acelerado com expansão ramificada do projeto.
Ao longe, reina a tranquilidade
Na defesa perante os juízes, Platão, na sua Apologia de Sócrates, escreve que “nenhum mal pode acontecer a um homem de bem, nem em vida, nem depois da morte, e o deus não o negligencia”. É verdade.
*Artigo de opinião publicado no Diário de Notícias / 11-12-2018
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