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Enquanto cidadão atento à realidade social onde estou inserido e com a qual me relaciono, sou da opinião que, como exercício de cidadania, todos os cidadãos, mas em especial os eleitores, deveriam assistir, pelo menos uma vez, a uma sessão plenária na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira (ALRAM). Penso que seria uma experiência inovadora e simultaneamente esclarecedora, para muitos, porque veriam in loco como alguns temas são abordados neste Parlamento Regional. Veriam aquilo que as imagens televisivas não mostram, porque tal seria impossível. Esta seria, também, uma mais-valia para ajudar na hora de decidir em quem votar.

Maioria PSD …

Conquistada a maioria, ainda que por um deputado apenas, a bancada do PSD tem o poder de aprovar ou rejeitar o que bem lhe apetece na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira. Esta postura é muito bem demonstrada aquando das votações das propostas que vêm da oposição, que são constantemente chumbadas. A maioria das justificações dos deputados do PSD poderiam ser consideradas hilariantes, não fosse o caso de se tratar de temas importantes para a vida dos cidadãos. A título de exemplo, o Juntos Pelo Povo apresentou em 2016 um projeto de resolução que recomendava ao Governo apoiar financeiramente os doentes oncológicos que tinham de sair da Região para fazer tratamentos ou exames médicos. Este apoio foi chumbado! Em 2017 voltamos a sugerir ao Governo Regional que inscrevesse este apoio complementar no Orçamento para 2018. Esta proposta voltou a ser chumbada. Em 2018 voltamos a apresentar um projeto Decreto Legislativo Regional como um mecanismo legal para o Governo Regional poder apoiar os doentes oncológicos que precisam de se deslocar para fora da região para fazer tratamentos ou exames que não existem na região. O projeto foi, pela terceira vez, chumbado! O que é que podemos concluir: As prioridades deste Governo Regional não passam pela implementação de medidas sociais. Os argumentos para estes reiterados chumbos são completamente desfasados da realidade, ou seja, diz o PSD que o apoio que o Governo Regional atualmente já dá (reembolsos com atrasos de mais de 6 meses) são suficientes para o pagamento das despesas que os doentes oncológicos têm, quando são obrigados a sair da região.

É esta a postura dos social-democratas: só o PSD sabe governar, já está tudo implementado, o PSD já tem tudo previsto e as propostas da oposição pouco ou nada acrescentam…

Interrogações …

Eu questiono, por exemplo, se um doente oncológico não precisa de apoio complementar? Se os alunos da EB1/PE do Caniço não gostariam de ver a escola reabilitada, ao nível de necessárias intervenções profundas (logo da responsabilidade do Governo Regional)? Os pais não ficariam mais descansados sabendo que haveria maior fiscalização relativamente ao (in)cumprimento do caderno de encargos, por parte das empresas que prestam serviços de alimentação nas cantinas escolares? Os madeirenses não gostariam de ver nascer um Museu da Música Tradicional da Madeira? Todas estas propostas apresentadas pelo Juntos Pelo Povo, foram chumbadas. E muito mais foi chumbado, com a desculpa de que o PSD já tratou ou está a tratar de tudo…

É comum associar-se o discurso político à demagogia, no sentido de manipular as paixões e os sentimentos do eleitorado, para assim obter-se uma conquista fácil de poder político. Ora, enganem-se aqueles que pensam que esta técnica lhes pode safar. O Povo não anda a dormir, e as últimas eleições já o demonstraram. Se ouvem o Governo Regional dizer que está tudo bem, mas na realidade sentem na pele graves dificuldades no acesso à Saúde, sentem os bolsos vazios face ao custo de vida sobrevalorizado com constantes subidas de impostos às famílias, sentem dificuldades em viajar, perante um subsídio de mobilidade que nasceu cheio de problemas e continua a dificultar a vida aos madeirenses… então sabem, perfeitamente, que aquilo que ouvem, deste PSD Madeira, não corresponde à realidade em que vivem. Há uma grande diferença entre o tanto que se diz e o pouco que se vê no dia-a-dia dos madeirenses e porto-santenses.

*Artigo de opinião publicado no Diário de Notícias – Madeira / 24-02-2018

Paulo Alves
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